Ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, o economista Antônio Delfim Netto morreu na madrugada desta segunda-feira (12), aos 96 anos. Nascido na cidade de São Paulo, ele estava internado desde o último dia 5, no Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista. Políticos, autoridades e entidades de classes lamentaram a morte de Delfim, que também foi professor e diplomata brasileiro, estando à frente do Ministério da Fazenda durante boa parte da Ditadura Militar no Brasil.
É tido como um dos responsáveis pelo chamado “milagre econômico” (de 1967 a 1973), período de amplo crescimento econômico nacional, com ações que focaram na atração de capital externo e avanços do Produto Interno Bruto (PIB). Um dos primeiros políticos a comentar a morte de Delfim foi o presidente da República. Lula destacou que o ex-ministro foi “uma referência do debate econômico no país”. Confira algumas declarações sobre o falecimento do economista paulista.
“Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente, porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período (2006). Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes. Fica o legado do trabalho e do pensamento, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos”.
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
“Eminente protagonista da vida pública nacional, Delfim Netto serviu condignamente o país em elevadas e distintas funções, legando valorosos exemplos em favor do desenvolvimento econômico e social do Brasil. Meus sentimentos à sua família”.
Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
“O professor Antônio Delfim Netto merece respeito por ter se dedicado ao progresso econômico brasileiro. Meus sentimentos aos amigos e familiares”.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
“Com muita tristeza, mas muita gratidão, nos despedimos hoje do professor Delfim. Tenho profunda admiração pela genialidade e sensibilidade das suas contribuições para o Brasil. Poucos sabemos, mas Delfim Netto foi um dos incentivadores da minha candidatura ao Governo de São Paulo. Serei eternamente grato pelos seus conselhos. Meus sentimentos à sua família, com a certeza de que descansa em paz”.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo
“Presto minhas condolências aos familiares e amigos do ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto. Profundo conhecedor das ciências econômicas, ocupou papel altivo na história do Brasil desde 1967, quando se tornou, aos 38 anos, o mais jovem ministro do país”.
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal
“Recebo com pesar a notícia do falecimento de Delfim Netto. De ministro do Governo Militar a deputado constituinte, com seguidos mandatos até 2007, Delfim soube acompanhar nossa evolução política, deixando sua marca no pensamento econômico nacional. Meus sentimentos aos familiares”.
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
“Recebo com tristeza a informação sobre a morte do economista Delfim Netto. Fomos deputados no mesmo período histórico e estivemos na Comissão de Economia, espaço público em que havia um debate qualificado sobre as políticas de desenvolvimento nacional”.
Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
“Mente livre de amarras, o economista Delfim Netto marcou sua vida profissional e acadêmica pelo pioneirismo. Sua tese de livre docência sobre O Problema do Café no Brasil marcou época e ainda é estudada por economistas da nova geração. O ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, costumava dizer que, neste trabalho, Delfim empreendeu uma tentativa original de aplicar a um evento histórico métodos de análise econômica e quantitativa, colocando-se na fronteira do pensamento econômico em um ambiente repleto de adversidades. No setor público, Delfim devotou seus maiores esforços para garantir um crescimento sustentável e de longo prazo para o Brasil. Atuou na gestão da economia brasileira em contextos desafiantes, como o da crise do petróleo nos anos 1970. A Diretoria do Banco Central expressa seu pesar pelo falecimento do economista e agradece a Delfim por suas contribuições ao pensamento econômico e à economia brasileira. Aos familiares e amigos de Delfim, deixamos toda nossa solidariedade neste momento de dor”.
Banco Central (BC)
“É a perda de um grande brasileiro. Por uma época, Delfim foi economista-chefe do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Foi um dos maiores intelectuais que tivemos. Delfim tinha experiência de varejo, dava opiniões profundas. Foi professor da USP muito jovem, e também foi secretário estadual da Fazenda. Bem jovem, foi ministro e atendeu a vários ministérios. É claro que, se formos analisar, uma pessoa que ficou 20 anos no poder, deu uma tropeçada em algum momento, mas a verdade é que conhecia muito bem a economia, o Brasil. É uma perda para a nossa Casa também”.
Roberto Ordine, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
“John Maynard Keynes escreveu que um bom economista deve combinar os talentos do matemático, historiador, estadista e filósofo. Delfim compreendeu isso em absoluto, melhorando ainda com um excelente senso de humor. Sentiremos falta”.
Igor Rocha, economista chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)
“A Rede de Associações Comerciais lamenta profundamente a morte de Delfim Netto. Economista responsável pelo milagre econômico brasileiro, Delfim sempre teve fortes relações com o sistema associativista e com a classe empreendedora. Foi assessor e economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e fez parte do Instituto de Economia Gastão Vidigal. Um homem que entendia a arte do diálogo. Um dos poucos a transitar entre grupos de visões antagônicas. Era político quando necessário e acadêmico quando preciso. Características que o fizeram ser de ministro a embaixador do Brasil na França, passando por professor da USP e deputado federal constituinte. Estava sempre pronto a debater, de forma qualificada, o Brasil e o desenvolvimento nacional. Questionador, intelectual, contraditório, polêmico, com um senso de humor único e um professor por natureza. O Brasil se despede de um grande brasileiro”.
Alfredo Cotait Neto, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp)
“A Confederação Nacional da Indústria lamenta o falecimento do economista e ex-ministro Delfim Netto, ocorrido nesta segunda-feira (12), em São Paulo. Um dos mais influentes e ativos participantes da vida política e econômica do país, Delfim Netto atuou como deputado federal e ministro em governos nas décadas de 1960 a 1980, além de desempenhar importante papel como conselheiro de presidentes e empresários”.
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
“Delfim Neto deixa um legado em sua partida. Um legado que ajudou o Brasil a trilhar um caminho próspero por muitos anos. Um homem que dedicou a sua vida ao seu ofício e ao seu país, que buscou sempre entregar o melhor para a sociedade. Delfim nos deixa hoje com um legado de valor social incomensurável e uma trajetória que é digna de inspiração para todos os brasileiros, em especial para os economistas”.
José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)