NRF lista as 25 previsões para o varejo em 2025. Cinco delas são sobre inteligência artificial

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Mercado de IA para o varejo pode atingir US$ 41 bilhões até 2030
(Freepik)
  • Com base em opiniões de líderes do varejo, o documento aponta os agentes de IA e a IA generativa como as duas principais tendências para 2025
  • O segmento varejista americano é referência no mundo todo, com vendas somando US$ 7,7 trilhões até novembro de 2024
Por Victor Marques

[AGÊNCIA DC NEWS]. A National Retail Federation (NRF), maior federação para o varejo dos Estados Unidos, divulgou suas 25 previsões para o varejo em 2025. Sem muita surpresa, cinco delas são sobre inteligência artificial (IA). O conteúdo foi feito com base em opiniões de líderes do varejo com olhar voltado para o mercado americano, que é ao mesmo tempo vanguarda e objeto de desejo para os varejistas do mundo inteiro. Para se ter uma dimensão, segundo o Census Bureau, as vendas no segmento varejista como um todo (Retail & Food Services) somaram até novembro US$ 7,7 trilhões e a projeção é fechar 2024 em US$ 8,5 trilhões. Isso significa 30% do PIB americano, ou quase quatro vezes o brasileiro.

É nesse mar de dinheiro que IA domina as tendências. Um ponto importante é destacar uma derivação que vai ser cada vez mais falada no mundo da IA – Agentes de IA + IA Generativa. A primeira são ferramentas de IA capazes de automatizar tarefas complexas, podendo auxiliar os humanos e, em alguns casos, até ocupar seus lugares. Já a generativa pode aprender com os dados e criar novas soluções.

O conteúdo divulgado pela NRF é assinado por Susan Reda, vice-presidente de Estratégia Educacional na associação, pessoa responsável por selecionar os temas, conteúdos e palestrantes de todos os eventos da entidade. Para elaborar as previsões deste ano, ela ouviu principalmente os especialistas do Retail Voices – grupo de meia centena de ‘autoridades’ varejistas do qual fazem parte os brasileiros Alberto Serrentino (Varese Retail) e Marcos Gouvêa de Souza (Gouvêa Ecosystem/IDV). Mais que 25 tendências, os tópicos a seguir mostram os temas em que o varejo deve estar de olho.

Escolhas do Editor

1. AGENTES DE IA – Jason Goldberg, diretor de Estratégia de Comércio da Publicis, escreveu recentemente que “os assistentes de compras de IA estão prontos para incorporar a inteligência artificial ao coração de nossas experiências, mudando para sempre o cenário do varejo”. Para ele, o atrito das compras — comparações infinitas até a tomada de decisão — será substituído “por assistência personalizada e contínua”.

2. IA GENERATIVA – Continuará a revolucionar o varejo em 2025, permitindo experiências de compra hiperpersonalizadas. Com IA generativa, os varejistas podem obter uma melhor compreensão do comportamento do consumidor e interpretar sinais sociais. Os varejistas também usarão IA para simplificar as operações e otimizar o estoque

3. IA E PRIVACIDADE – Embora a IA continue na vanguarda da inovação em 2025, seu avanço enfrentará mais obstáculos, incluindo integração com sistemas existentes e principalmente preocupações em torno da privacidade de dados. Haverá uma agenda para a adoção de práticas e diretrizes para o uso de IA no varejo.

4. LIVE SHOPPING – As compras ao vivo estão em alta há anos, mas em 2025 elas vão pegar fogo. Consumidores & Entretenimento. As compras ao vivo misturam os dois, “permitindo que varejistas e marcas tenham a chance de se conectar com os clientes em um nível mais pessoal”, afirmou Susan Reda, da NRF.

5. MARKETPLACES – Amazon, Shein, Temu, TikTok… o que os maiores disruptores da indústria do varejo têm em comum? Todos eles são marketplaces. Mais players haverá nessa arena, pois os consumidores encontram ofertas, preços competitivos e conveniência.

6. JUST WALK OUT – A Tecnologia de Varejo Autônoma, alimentada por IA, elimina as filas tradicionais de pagamento, criando uma experiência de compra contínua. Segundo uma apresentação da AWS (Amazon Web Services), “usando IA avançada, sensores, visão computacional e RFID, o Just Walk Out rastreia com precisão a seleção de itens e automatiza o pagamento quando os compradores saem da loja”. Para a NRF, haverá um avanço considerável de lojas sem caixas, robôs de estoque, veículos de entrega autônomos, incluindo drones.

7. EMPREGADOS – À medida que a IA e a automação simplificam as operações, o foco será capacitar os funcionários com ferramentas para criatividade, engajamento e crescimento. Para a NRF, “ao aprimorar o ambiente de trabalho e promover uma cultura de aprendizado contínuo, os varejistas aumentarão a produtividade e reduzirão a rotatividade de funcionários”.

8. LOJAS FÍSICAS – As lojas físicas de varejo continuarão seu renascimento em 2025. Fundamentais para impulsionar a retenção, aquisição de clientes, identidade de marca e fidelidade, eles devem “oferecer experiências imersivas que não podem ser replicadas online”.

9. SERVIÇOS NA LOJA – Siga o exemplo de marcas de luxo e invista pesadamente em serviços e experiências na loja, sugere a NRF como outra tendência. Esses serviços não são apenas um bom complemento, são geradores de receita, como comprovado nas lojas Sephora ao redor do mundo. “E, o mais importante, os serviços na loja são a maneira mais clara de diferenciar online e offline”, afirmou Susan, da NRF.

10. RETAIL MEDIA – A mídia de varejo começa a amadurecer. Ainda assim, muitos varejistas expandirão a mídia de varejo sem estarem atentos ao interesse do cliente. Conclusão: espere resultados mistos aqui, com alguns varejistas se destacando e outros tendo dificuldades com o engajamento do cliente.

11. GERAÇÃO Z & MILLENIALS – Em 2025, os millenials terão de 29 a 44 anos, e os nascidos na Geração Z, de 13 a 28 anos. As duas gerações continuarão a expandir seus gastos e para os varejistas isso se traduz em mais engajamento digital, mas igualmente esses compradores estão retornando às lojas físicas. Traduzindo, suas expectativas por experiências perfeitas de compras online e offline estão ainda mais elevadas.

12. GERAÇÃO ALPHA – O público nascido a partir de 2013 continuará a desafiar marcas e profissionais de marketing. Segundo a NRF, embora tenham demonstrado uma inclinação para experiências presenciais e sua demanda por comércio eletrônico não seja tão robusta quanto a dos pais, “eles são um grupo difícil de entender”. Mais que tendência, será um desafio.

13. MARKETING GERACIONAL – Varejistas e marcas precisarão aprimorar o marketing, pois cada geração exigirá uma abordagem diferenciada. A Geração Z (1997-2012) buscará autenticidade e responsabilidade social. A Geração Y/Millenials (1981-1996) priorizará experiências e personalização. A Geração X (1965-1980) valorizará conveniência e eficiência, respondendo bem a interações diretas e sem complicações. E os Baby Boomers (1946-1964) apreciarão clareza e confiança, “gravitando em direção a marcas que demonstrem confiabilidade e atendimento ao cliente”.

14. PUBLICIDADE – O trabalho dos profissionais de publicidade e marketing ficará mais difícil nos próximos meses. Para Susan Reda, da NRF, “parece haver uma crescente desconfiança na publicidade”. Os profissionais de marketing precisam agora decifrar quantos pontos de contato são necessários para convencer os consumidores a finalizar uma compra.

15. FRICTIONLESS – Vai se exigir cada vez mais uma experiência de compra integrada e sem atrito em todos os canais. As marcas devem oferecer interações consistentes e personalizadas, transações rápidas e sem complicações, além de opções de entrega flexíveis. À medida que a tecnologia preenche a lacuna entre os mundos digital e físico, a fidelidade do cliente dependerá da capacidade de uma marca de fornecer interações contínuas, coesas e memoráveis.

16. MÍDIA SOCIAL – Pesquisa da Forbes Advisor e da Talker Research mostra que que 46% da Geração Z e 35% dos Millennials preferem mídias sociais em vez de mecanismos de busca tradicionais. E 44% da Geração Z descobre novas marcas nas mídias sociais, com o TikTok sendo o favorito.

17. PAGAMENTOS – Este ano marcará um ponto de inflexão nos pagamentos sem dinheiro. Motivadas por um cliente que anseia por uma experiência de compra digital perfeita, as opções de checkout com um clique continuarão a aumentar. Assim, as preocupações com a privacidade de dados e combate às ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas serão cada vez mais necessárias. A despeito disso, uma parcela dos consumidores não bancarizados continuará a usar dinheiro em espécie.

18. PERFORMANCE – Os especialistas ouvidos pela NFR acreditam que a indústria do varejo começará a migrar de métodos convencionais de avaliação do desempenho financeiro, como declarações de lucros e perdas, para fatores adicionais mais subjetivos, incluindo experiência do cliente, fidelidade à marca, engajamento em mídias sociais, práticas de sustentabilidade e outros aspectos qualitativos não capturados em declarações financeiras tradicionais.

19. CRIMES & FRAUDES – Varejistas continuarão a luta contra altos níveis de roubo e fraude. E a manutenção de uma boa experiência do cliente exigirá uma estratégia de proteção de ativos sem atrito, com tecnologias inovadoras como RFID para gerenciamento de estoque de ponta a ponta e medidas de segurança que previnem roubos, mas fornecem aos clientes recursos de autoatendimento.

20. VAREJO ALIMENTAR – Para a NRF, haverá discussões cada vez mais intensas entre formuladores de políticas públicas sobre alimentos ultraprocessados, corantes e aditivos alimentares, além da salubridade das dietas.

21. SAÚDE & BEM-ESTAR – Praticamente desdobrando o item anterior, a questão de saúde e bem-estar continuará sendo uma das principais prioridades para os consumidores. Pesquisa da McKinsey mostra que o mercado de bem-estar dos EUA cresce cerca de 10% a cada ano e já soma US$ 480 bilhões – 22% do PIB brasileiro.

22. VENDA ONLINE DE ALIMENTOS – As vendas de alimentos online nos EUA somaram US$ 9,6 bilhões em novembro, de 17,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Os consumidores estão enchendo seus carrinhos digitais com todo tipo de produto, de lanches ricos em proteína, os chamados alimentos funcionais, a bolinhos.

23. CADEIA DE SUPRIMENTOS – Três palavras podem descrever as cadeias de suprimentos em 2025: adaptáveis, eficientes e resilientes. Com IA e machine learning para rastrear estoque, prever e se adaptar a interrupções antes que se tornem crises. Duas tendências: a adoção de robótica e automação em armazéns e centros de distribuição, e a aplicação de tecnologias de rastreamento aprimoradas como blockchain.

24. SUSTENTABILIDADE – A circularidade é o futuro do varejo e as empresas farão avanços notáveis ​​em direção a essa meta em 2025. Impulsionadas pelo interesse dos consumidores em economizar dinheiro e ser mais sustentáveis, as estratégias de negócios circulares podem estender as margens de lucro do varejo além do ponto de compra inicial, aumentar a fidelidade à marca e criar benefícios ambientais e sociais. O desafio ao varejista será escalar modelos circulares de forma eficaz, mantendo a lucratividade.

25. SEGURANÇA CIBERNÉTICA – Especialistas em cibernética preveem que parte do foco estará na segurança de aplicativos de IA. Além disso, há regulamentações de privacidade cada vez mais fortes, mais controle do consumidor sobre os dados e uma ênfase crescente no uso seguro e ético de dados. Os varejistas precisarão equilibrar sua necessidade de dados para personalizar experiências com sua responsabilidade de proteger a privacidade do consumidor. Estratégias de transparência, segurança e privacidade, segundo a NRF, serão essenciais para manter a confiança do consumidor.

(Grandview Research e Statista)

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