SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Silvio Santos deixa império de mídia bem encaminhado às filhas, brasileiro perde R$ 24 bilhões com apostas em 12 meses e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (19).
**’SUCCESSION’ À BRASILEIRA? NÃO NO SBT**
Silvio Santos, uma das maiores figuras da TV brasileira, faleceu aos 93 anos na última sexta-feira (16). Conhecido por seu estilo controlador, ele deixou o império bem estruturado para a sucessão. No processo, as herdeiras participaram ativamente.
O SBT agora é propriedade de Renata e Daniela Abravanel, duas das seis filhas do empresário.
A mais velha e mais nova. Renata Abravanel, a caçula, tem 39 anos e ocupa também a presidência do Grupo Silvio Santos. Ela assumiu o comando em 2020, ano em que o pai se afastou da TV. É formada em administração nos Estados Unidos.
Daniela, 49, assumiu a vice-presidência do Grupo em 2023, após deixar a direção-artística do SBT. Ela é a primeira filha do casamento com Íris Abravanel. As duas mais velhas são do casamento anterior.
Na prática as novas donas do SBT também gerenciam as outras empresas do grupo que têm participação das irmãs, como a Jequiti, o Hotel Jequitimar e a Liderança Capitalização.
A divisão dessas empresas, no entanto, não é conhecida publicamente.
NADA PARA DEPOIS
O processo de sucessão, que contou nos últimos anos com consultorias especializadas e discussões familiares, resultou na divisão da herança, avaliada em mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,47 bilhões), entre as filhas.
Na época da venda do Banco Panamericano ao BTG Pactual, estima-se que cada filha recebeu R$ 100 milhões entre 2011 e 2012.
RELEMBRE O CASO
Em 2010, a instituição revelou um rombo de R$ 2,5 bilhões em suas contas, decorrente de fraude. Silvio Santos chegou a pedir ajuda à presidência da República, como revelado pelo presidente Lula, na época em seu segundo mandato.
A solução foi recorrer ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), oferecendo como garantia seus bens, incluindo o SBT e o Baú da Felicidade
Em janeiro de 2011, a fatia da família no Panamericano foi vendida ao BTG, liberando as garantias. O BTG rebatizou a instituição de Banco Pan.
NOVOS TEMPOS
Daniela Abravanel apresentou no início de agosto uma das apostas do SBT para manter a relevância em tempos digitais. O canal lançou um streaming gratuito, batizado de +SBT, financiado por publicidade. A frente de digitalização foi iniciada em 2022.
No Brasil, a Globo saiu na frente dos concorrentes com o Globoplay, que oferece canais ao vivo e o catálogo de programas, filmes e séries. Em audiência digital, só fica atrás da Netflix no país, segundo a consultoria Kantar.
No evento apresentado à imprensa, Daniela afirmou ao site Bloomberg Línea que a sucessão era algo em que as irmãs estavam bem envolvidas e era discutida há dez anos.
JEQUITTI À VENDA
O grupo tem outro redesenho forte à vista. A Folha revelou, e destaquei nesta edição da newsletter, as negociações da família com a farmacêutica Cimed para a venda da Jequiti Cosméticos.
A Cimed ofereceu inicialmente R$ 400 milhões, mas a família pediu mais. A empresa aumentou a proposta para R$ 450 milhões. O valor, porém, ainda foi considerado insuficiente. As negociações foram suspensas, mas devem retornar em breve.
EM FAMÍLIA
A sucessão de grandes fortunas costuma ser motivo de conflito entre herdeiros. Um dos casos mais famosos é do bilionário americano da mídia Rupert Murdoch, dono da Fox News. Ele estimulou disputas entre os filhos e inspirou a série vencedora do Emmy “Succession”, da HBO.
Na Globo, maior empresa de mídia do Brasil e concorrente do SBT, a sucessão também não teve sobressaltos. Os três filhos do fundador Roberto Marinho têm participações iguais e comandam juntos as empresas desde a morte do pai em 2003. Cada um tem um patrimônio estimado em US$ 4,3 bilhões (R$ 23,51 bilhões).
**R$ 24 BILHÕES PERDIDOS**
Economistas do banco Itaú calcularam que os brasileiros perderam R$ 24 bilhões em apostas entre junho de 2023 e junho de 2024.
↳ Foram pagos R$ 68 bilhões em jogos e taxas, mas apenas R$ 44 bilhões retornaram aos jogadores.
DENTRO DA LEI
Tanto as apostas esportivas quanto os jogos de azar online, como o famoso “Fortune Tiger”, mais conhecido como “Jogo do Tigrinho”, estão em processo de regulamentação no Brasil. As novas regras entrarão em vigor em janeiro de 2025. Entenda aqui.
↳ Uma das normas que começará a valer é a necessidade de a empresa por trás da “bet” ser brasileira ou ter um representante/sócio aqui. Os sites também deverão estar hospedados no Brasil.
↳ A americana MGM, por exemplo, terá uma parceria com a Globo.
ABRANGÊNCIA
Inicialmente, a regulamentação valeria apenas para as apostas esportivas, mas os jogos do tipo cassino também precisarão se adequar. O governo preferiu endurecer as regras em vez de proibir. Essa modalidade inclui jogos de cartas, roletas e dados.
Jogos de azar são proibidos no Brasil, mas a regulamentação das apostas esportivas de 2023 deu brecha para as versões online.
MAIS REGRAS
O Ministério da Fazenda divulgou recentemente novas regras que se aplicarão às apostas online em geral, mas impactarão especialmente os populares “Jogos do Tigrinho”.
– As plataformas devem respeitar a aleatoriedade e a probabilidade. Ou seja, os resultados dos jogos não poderão ser manipulados e devem ser determinados por um gerador aleatório de números, símbolos ou objetos. Hoje, falta transparência nos mecanismos que definem vitórias e derrotas.
– Os jogos devem informar claramente o valor total a ser recebido em caso de premiação. Isso porque todos os jogos deverão seguir a lógica das apostas esportivas e ser de quota fixa, com a apresentação do cálculo que define os valores a receber e que poderá ser perdido.
IMPACTOS
Investigações da Polícia Civil, obtidas pela Folha, mostram prejuízos de até R$ 200 mil nos jogos de azar online, que ainda funcionam sem praticamente seguir qualquer regra.
Algumas pessoas revelam que os gastos começam a atrapalhar as finanças pessoais, mesmo as apostas esportivas, levantando preocupações de estímulos a vícios.
Há quem deixe de comer pizza, ir ao cinema e até adia a compra da cama.
E MAIS IMPACTOS
Análise do Santander, divulgada anteriormente pela Folha, mostra que a renda destinada a apostas já compete com o consumo tradicional, afetando os empresários do varejo.
Os economistas do Itaú que estimaram o prejuízo aos brasileiros, no entanto, discordam e afirmam que o setor não passar por menos consumo.
**PERTO DO RECORDE**
A Bolsa de Valores do Brasil atingiu seu recorde histórico na sexta-feira (16), mas fechou o dia um pouco abaixo dele. É nesse sentimento de otimismo, e dúvidas, que a semana começa para os investidores.
Foram oito dias de alta até a quinta passada. Na sexta, porém, o mercado mudou o sentido. O Ibovespa fechou a semana a 133,9 mil pontos.
MELHORA, MAS…
O colunista da Folha de S.Paulo e assessor de investimentos Marcos de Vasconcellos ressalta que, embora o movimento seja positivo, ele representa apenas uma recuperação das perdas dos últimos meses.
No final de dezembro de 2023, a Bolsa estava nesse mesmo nível.
Um ponto favorável é que a alta ocorreu mesmo com a desvalorização da Vale, a empresa de maior peso na Bolsa brasileira. Para Vasconcellos, isso indica que os investidores estão diversificando suas apostas.
OUTROS ALERTAS
Apesar das boas notícias, existem outras ressalvas. O patamar atual é nominal. Quando analisado em dólares, o índice ainda apresenta queda em 2024.
A tendência de alta pode ter sido interrompida com o recuo de sexta-feira, reflexo das expectativas recentes de elevação dos juros pelo Banco Central do Brasil.
O MOTIVO
Nas últimas duas semanas, as Bolsas no mundo foram impulsionadas pelo aumento do apetite dos investidores após um susto no início do mês.
Em uma semana, dez empresas brasileiras perderam R$ 65 bilhões em valor de mercado.
RELEMBRE
O mercado japonês provocou quedas em outras bolsas após o banco central do país elevar os juros, e dados da economia americana acenderam o alerta de recessão.
Alívio. Novos indicadores mostraram que os Estados Unidos ainda mantêm alguma força econômica, e o risco de uma freada brusca não é tão alto quanto se pensava.
Isso poderá permitir ao Federal Reserve (Fed) agir sem pressa, ao contrário do que alguns investidores temiam.
BONS NÚMEROS
Outro fator para as altas recentes no Brasil foram os resultados financeiros positivos de empresas, como os dos grandes bancos nesta temporada de balanços.
↳ O lucro do Itaú, maior banco brasileiro, subiu 10% no trimestre.
↳ Perspectivas mais positivas para a economia brasileira também contribuíram para o desempenho.
As maiores altas na Bolsa nos últimos cinco dias:
1 – IRB Re: alta de 51%.
2 – BRF: alta de 10,8%.
3 – JBS: alta de 9,4%.
4 – WEG: alta de 7,1%.
5 – Cemig: alta de 7,0%.
**DE OLHO NA BOLSA**
RB Re, cujas ações subiram 51% nos últimos pregões, a R$ 44,86
As ações da IRB Re acompanharam o bom humor que tomou conta da Bolsa na última semana, registrando a maior alta, como mostrei na lista acima.
Os números positivos do último trimestre foram o principal motivo para a disparada de 51,03% em cinco dias.
O GATILHO
O IRB Re surpreendeu ao apresentar um lucro acima das expectativas no último trimestre, somando R$ 65,2 milhões, apesar das enchentes no Rio Grande do Sul, que aumentaram a demanda por pagamentos de sinistros.
ENTENDA
O IRB Re é uma resseguradora, ou seja, vende seguros para quem vende seguros. Ele garante proteção às seguradoras, que se expõem a riscos ao oferecer cobertura contra danos ao patrimônio, como casas e carros.
NA CARTEIRA
O banco BTG Pactual revisou sua visão sobre as ações da empresa logo após a divulgação dos resultados. Recomendou a compra e elevou o preço-alvo de R$ 44 para R$ 55.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
MARINA SILVA
Países com florestas precisam ser remunerados mesmo com desmatamento zero, diz Marina Silva. Legado do Brasil na COP30 deve incluir novo fundo que premia nações por manter vegetação de pé, afirma ministra do Meio Ambiente.
CNU
CNU tem primeira edição marcada por alta abstenção, relatos de questões fáceis e forte calor. Inédito pelo tamanho e modelo, ‘Enem dos Concursos’ para 6.640 vagas teve 52,5% de candidatos faltosos.
BRADESCO
Tenho a impressão de que caiu a ficha do governo sobre risco fiscal, diz presidente do Bradesco. Marcelo Noronha, 59, explica a recente queda de lucratividade do banco e o seu plano para retomá-la.