SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O influenciador Pablo Marçal (PRTB) caiu em contradição após a agressão de um de seus assessores contra o marqueteiro Duda Lima, que trabalha para a campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Nahuel Medina desferiu um soco no rosto do publicitário depois que Marçal foi expulso de debate na noite desta segunda-feira (23).
A agressão inesperada do assessor, que grava vídeos para o influenciador, obrigou o candidato a se posicionar rapidamente. Marçal logo encampou a tese de que Nahuel teria agido em legítima defesa –o assessor argumenta que Duda tentou tirar o celular de sua mão e que reagiu instintivamente.
Fato é que não houve agressão do marqueteiro que colocasse Nahuel em perigo físico e justificasse o soco, que atingiu Duda na região do supercílio e provocou intenso sangramento.
Marçal saiu em defesa do assessor, pessoa de convívio próximo, deixando um furo na narrativa que vinha martelando ao longo da última semana.
Desde que levou uma cadeirada do apresentador José Luiz Datena (PSDB), há pouco mais de uma semana, o influenciador lamentava não ter recebido gestos de solidariedade de seus adversários na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Os concorrentes condenaram a agressão, mas culparam Marçal pelas reiteradas provocações.
O autointitulado ex-coach usou o episódio, inclusive, para tentar diminuir sua galopante rejeição entre as eleitoras. Passou a bater na tecla de que, da mesma forma que usar saia curta não justifica que mulheres sejam assediadas, ele também não poderia ser culpado pela agressão de Datena. “A culpa é sempre do agressor”, afirmou na sexta-feira (20).
O posicionamento pós-soco, porém, indica que a culpa é sempre do agressor, contanto que ele não seja seu amigo. Quando foi Nahuel o autor da agressão, logo a suposta provocação de Duda foi suficiente para justificar o comportamento aos olhos de Marçal.
No debate da TV Cultura, na sexta, o influenciador amansou o discurso e prometeu que a partir dali adotaria uma “postura de governante”. No fim de semana, argumentou que até aquele momento havia mostrado a sua pior versão para expor, também, a pior versão dos adversários.
A tentativa de moderação, uma estratégia para lidar com uma rejeição em ascensão que já atinge os 47%, segundo o último Datafolha, parece ter ficado em pé por poucos dias.
Desde a chegada ao debate do Flow, na noite desta segunda, quando discutiu com Nunes afirmando que o colocaria na cadeia, o influenciador mostrava que tinha mais uma vez a intenção de gerar tumulto.
Nas redes, sua equipe sugeria que havia um conchavo com a coordenação do evento e irregularidades no sorteio de candidatos e perguntas, reforçando a narrativa de perseguição pelo sistema adotada desde o início da campanha.
Ao fim do debate, Marçal foi expulso depois de levar três advertências por agressões verbais durante suas considerações finais. O soco de Nahuel veio logo depois e, embora não tenha destoado completamente do comportamento adotado pelo influenciador naquela noite, pareceu inesperado mesmo para a campanha.
Depois do episódio, Marçal abriu algumas lives no Instagram, dizendo-se vítima de censura e afirmando que o assessor agiu em legítima defesa. “Infelizmente aqui no debate tem um problema de civilidade, de gente agredindo pra todo lado”, disse o influenciador, como se a agressão não tivesse partido de sua própria equipe.
Nas gravações, o candidato enterrou qualquer tentativa de moderação, com falas dramáticas, choro e xingamentos. Afirmou que a deputada federal Tabata Amaral (PSB) é “escrota”, voltou a chamar Datena de “abusador sexual” e conclamou os eleitores a “entrar numa guerra”.
Por estratégia ou emoção, Marçal sinaliza ter dobrado a aposta e decidido que, se cair antes do segundo turno, cairá atirando.