Boulos diz que 'há indícios fortes de fraude' na eleição da Venezuela

Uma image de notas de 20 reais
Do total de candidaturas registradas nas capitais, apenas 40 serão lideradas por mulheres, o que equivale a 20,8% dos candidatos às prefeituras
Crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O deputado federal e candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) disse em entrevista à CNN Brasil nesta terça-feira (20) que “há indícios fortes de fraude na eleição da Venezuela”.

Boulos foi questionado pelos entrevistadores sobre o apoio ao regime de Nicolás Maduro anteriormente e disse que, na época, o venezuelano foi reconhecido presidente pelos governos dos Estados Unidos e do Brasil.

Na sequência, acrescentou: “Esta eleição [de 2024], que está sendo questionada por quase todos os governos do mundo, inclusive o brasileiro, é uma outra história. Há indícios fortes de fraude na eleição da Venezuela”.

Ele disse ainda: “Se permanecer um presidente que foi eleito numa eleição sem transparência, ele não é legítimo”.

“Como não seria legítimo no Brasil o [Jair] Bolsonaro tentar dar um golpe e virar a mesa da eleição como ele tentou”.

Boulos se recusou a comentar a nota da direção do PT, divulgada em julho, que tratou Maduro como “presidente eleito”.

Adversários de Boulos costumam usar o tema da Venezuela para pressioná-lo. “Você devia ser prefeito de Caracas”, disse José Luiz Datena (PSDB) ao deputado durante o debate na TV Bandeirantes, no dia 8.

No mesmo evento, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que Boulos precisava “explicar quem é Maduro”, ao ser questionado pelo deputado sobre contratos da prefeitura com um compadre do atual mandatário.

A posição adotada nesta quarta-feira marca uma mudança de tom do deputado.

Em 2017, quando tinha como principal atividade a coordenação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Boulos defendeu a Assembleia Constituinte convocada por Maduro em 2017, vista então como uma forma do ditador de contornar a maioria oposicionista na Câmara dos Deputados.

Também disse que, diferente do então presidente Michel Temer, o venezuelano havia sido eleito pelo voto popular, referindo-se às eleições de 2013 no país vizinho.

Neste ano, como pré-candidato, afirmou em entrevista ao podcast O Assunto, do G1, que a Venezuela não é seu “modelo de democracia”. “Se ficar comprovado que houve fraude nas eleições, se isso de fato se comprovar, e o governo que exercitou fraude permanecer no governo, aí você não vai ter mais lá uma democracia, definitivamente.”

Em julho deste ano, Maduro foi proclamado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano para um terceiro mandato com 52% dos votos. A oposição contesta o resultado e publicou em um site as cópias de mais de 80% das atas de votação que indicam a vitória do candidato opositor, Edmundo González, com 67% dos votos.

Segundo Maduro e o Conselho Nacional, as atas divulgadas foram falsificadas pela oposição. O órgão eleitoral ainda não publicou a contagem detalhada mesa por mesa e afirma que o sistema de votação automatizado foi alvo de um “ataque ciberterrorista”. O Brasil não reconheceu a vitória de Maduro e cobra a publicação das atas pelo órgão eleitoral da Venezuela.