Campanha começa com missa, visita a escola e café em casa em SP

Uma image de notas de 20 reais
Do total de candidaturas registradas nas capitais, apenas 40 serão lideradas por mulheres, o que equivale a 20,8% dos candidatos às prefeituras
Crédito: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

SÃO PAULO, SP, E APARECIDA, SP (FOLHAPRESS) – Os candidatos à Prefeitura de São Paulo (SP) iniciaram a campanha eleitoral nesta sexta-feira (16) com caminhadas e visitas a igrejas e escola. A data marca o início do período em que os políticos estão autorizados a fazer propaganda, divulgar números na urna e pedir votos.

No primeiro compromisso de campanha, uma missa em Santo Amaro (zona sul), Ricardo Nunes (MDB) reagiu ao elogio que seu aliado Jair Bolsonaro (PL) fez, na quinta-feira (15), ao seu adversário na disputa Pablo Marçal (PRTB). O emedebista criticou o influenciador e disse que melhor que rede social é ação social.

O prefeito vive um momento de crise com o bolsonarismo, o que tem beneficiado Marçal. Como mostrou a Folha, a equipe do MDB age para contornar a situação —já nesta sexta, Bolsonaro reiterou a aliados que, apesar das críticas da família dele, apoiará o prefeito.

Sobre o ex-presidente ter dito que Nunes não é seu candidato dos sonhos, o prefeito afirmou que “não estamos vivendo de sonho, mas de realidade” e que “vender sonho é para outro candidato”, em referência a Marçal.

O prefeito disse ainda que Bolsonaro é bem-vindo em sua campanha e que não o esconde. Durante a tarde, em uma caminhada com apoiadores no centro, afirmou que a situação estava resolvida. “O que ele [Bolsonaro] nos disse é que foi mal-interpretado e que ele é 100% com a gente.”

Funcionários da prefeitura participaram do ato no centro, inclusive portando seus crachás. Nunes justificou que eles estavam em horário de almoço.

No mesmo momento, Guilherme Boulos (PSOL) e sua vice, Marta Suplicy (PT), também realizavam uma caminhada pelo centro. As claques adversárias chegaram a ficar a cerca de 200 metros de distância na Praça do Patriarca. Mas o ato de Nunes ficou parado por um tempo até que a de Boulos seguisse adiante, para evitar o encontro.

O candidato do PSOL e Marta começaram a campanha de rua com um passeio nos arredores da casa dele, no Campo Limpo (zona sul).

O deputado apoiado pelo presidente Lula (PT) previu uma disputa dura, fez críticas indiretas a Nunes e disse que escolheu a periferia para o primeiro ato para simbolizar seu compromisso com o combate à desigualdade.

Boulos recebeu Marta em casa para um café, coado pelo próprio, com as cenas transmitidas ao vivo em redes sociais da campanha. Depois, os dois saíram acompanhados de militantes e candidatos a vereador.

Antes, ao falar com jornalistas no portão de sua casa, ele foi questionado sobre o conselho de Lula para “não dar importância” para Marçal. “Eu não vou cair em jogo rebaixado de quem quer fazer da eleição um vale-tudo de quem quer rolar na lama”, disse.

A campanha de Marçal começou com uma concentração de candidatos e dirigentes do PRTB em frente a uma padaria na Cidade Tiradentes, na zona leste. Caixas de som tocavam jingles com expressões frequentemente usadas pelo candidato: “Compartilha aí, o Marçal disparou! Tu já pegou o código, parabéns, desbloqueou”.

O evento estava marcado para as 9h30, mas Marçal só chegou depois das 12h. O influenciador escolheu o bairro para dar o pontapé na campanha oficial em alinhamento com linha adotada nos últimos meses, de dizer que visitou comunidades e bairros periféricos mais do que seus adversários.

Apesar de fustigar a esquerda, buscando confrontos diretos com Boulos e Tabata Amaral (PSB), o empresário frequentemente reforça que sua prioridade é o “social” e investir nos mais pobres.

Questionado sobre os ataques direcionados aos demais candidatos, Marçal afirmou que é provocado por eles. “Quem começou todas as guerras foi quem está reclamando. Então essa pergunta tem que voltar para eles. Eu não arrumo guerra nenhuma, mas eu termino todas”, disse.

Em seguida, o influenciador fez uma caminhada na rua 25 de Março, no centro. Ele rebateu uma pergunta sobre sua rejeição medida em pesquisas dizendo que, no levantamento interno do partido, ele está à frente de Nunes e Boulos. “Eleição e mineração a gente só conhece na apuração. Pesquisa é manipulação para opinião.”

O jornalista José Luiz Datena (PSDB), por sua vez, decidiu deixar a cidade de São Paulo no primeiro dia oficial da campanha para ir ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, a quase 180 km da capital paulista.

O jornalista passou quase despercebido para boa parte de fiéis que visitavam o templo, em uma atmosfera diferente de quando foi ao Mercado Municipal, no centro de São Paulo, e foi rodeado por fãs e curiosos.

“Ah, mas você vai começar a campanha a fora de São Paulo? Vou”, disse Datena. “A maioria das pessoas daqui é de fora de São Paulo. Mas, em todos os momentos importantes da minha vida, venho aqui”, disse o tucano.

A sua intenção, repetia, era agradecer e buscar proteção para a corrida eleitoral. “Esse compromisso é pedir proteção, principalmente ao povo de São Paulo. Houve infiltração do crime organizado no poder público”, afirmou o tucano.

Questionado se havia pedido proteção principalmente por suas promessas de tolerância zero com o PCC (Primeiro Comando da Capital), ele negou. “Se eles quiserem, me matem, já vivo o bastante”, falou.

A candidata do PSB, Tabata Amaral, começou o dia de campanha na Brasilândia, zona norte de São Paulo. O local escolhido foi a Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Senador Milton Campos, que teve um dos piores desempenhos em 2023 na capital paulista, segundo o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

Tabata afirmou que vai concentrar esforços para melhorar a situação das escolas com maior vulnerabilidade. “Criança não vota, mas queremos fazer a campanha desse jeito. Conversando com as pessoas, [para] que elas conheçam as propostas, e falando de São Paulo”, disse.

Ela criticou a gestão de Ricardo Nunes na condução da educação e afirmou que “não é normal o que aconteceu nos últimos três anos”, mas disse que só vai entender o porquê do mal desempenho de São Paulo na área quando entrar na prefeitura.

“Foi a capital que mais caiu em alfabetização, pior do que na pandemia, pior do que a média do Brasil. Isso nunca aconteceu com São Paulo”, disse ela. Em sua avaliação, a influência político-partidária na indicação dos cargos da educação, denúncias de corrupção, máfia das creches e parcelamento de contratos podem ter contribuído para o desempenho ruim.

A candidata criticou a estratégia de Marçal de ser agressivo em debates e inflamar redes sociais. “A estratégia dele é ser o bobo da corte, gerar cortes para ganhar dinheiro às custas do povo e fazer seu nome para uma futura candidatura a deputado? Talvez ele tenha êxito nisso. Mas, se a estratégia dele é falar com nossa população, tenho pouca convicção de que ele terá sucesso.”

A candidata Marina Helena (Novo) participou de uma sabatina e usou o restante do dia para reuniões internas com o seu partido.