Correios pagam R$ 220 milhões em nove meses após acordo para equacionar déficit de R$ 7,6 bi em fundo de pensão

Uma image de notas de 20 reais
Desde 2007, ano em que a Nota Fiscal Paulista foi criada, a iniciativa já devolveu cerca de R$ 19,1 bilhões aos participantes cadastrados
Crédito: Pixabay/Pexels

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os Correios já pagaram R$ 220 milhões para equacionar um rombo de R$ 7,6 bilhões no fundo de pensão dos funcionários da estatal, o Postalis. Os pagamentos foram feitos em decorrência de um acordo assinado entre a empresa e o fundo em 2020 e implementado no fim de 2023.

Os pagamentos serão feitos em parcelas mensais de cerca de R$ 30 milhões ao longo de 30 anos.

“O reconhecimento da obrigação e o pagamento do equacionamento deveriam ter sido feitos em 2020, quando a empresa teve lucro recorde devido ao aumento excepcional e inédito do volume de encomendas por conta da pandemia”, disse, em nota, a companhia.

“Ao não realizar o pagamento, o governo anterior pôde anunciar lucro, ao mesmo tempo em que jogou o problema para gestões futuras”, continuou.

O déficit total no Postalis é de R$ 15 bilhões e foi dividido entre a patrocinadora (os Correios) e os patrocinados (funcionários da estatal) em um acordo mediado pela Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), o órgão que regula o mercado de previdência privada.

Os funcionários, aposentados e pensionistas do Postalis têm descontos nos valores recebidos além da extinção de alguns benefícios.

O rombo tem diversas causas. Investimentos realizados entre 2011 e 2016, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, foram a principal razão. A perda com as aplicações corresponde a 61% do total, cerca de R$ 9 bilhões em valores corrigidos pela inflação.

Parte dos investimentos foi investigado na operação Greenfield, que apurou fraudes em fundos de pensão.

De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, entre os investimentos deficitários estão títulos da dívida pública da Venezuela e da Argentina, adquiridos por meio de um fundo cujo único cotista era o Postalis e administrado pelo banco BNY Mellon.

A instituição financeira norte americana está sendo processada pela Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares), que busca recuperar parte dos valores perdidos. A intenção é reaver cerca de R$ 12 bilhões que o banco teria gerado aos participantes do fundo de pensão.

Caso consiga recuperar valores, eles serão utilizados para cobrir parte do déficit no Postalis

O caso também foi investigado pela CPI dos Fundos de Pensão, da Câmara dos Deputados. Em depoimento na comissão, o presidente do BNY Mellon para a América Latina admitiu a fraude e culpou uma corretora contratada pela instituição.

O relatório final da CPI apontou que além de investimentos duvidosos houve também a cobrança de taxas excessivas para realizar operações com recursos do Postalis.

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