SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Google planeja iniciar na próxima segunda-feira (2) as obras de seu novo Centro de Engenharia de São Paulo, a ser inaugurado em 2026, na avenida professor Almeida Prado, dentro da Cidade Universitária da USP. Para isso, precisa do aval do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), que concederá o espaço.
A empresa foi contemplada pelo programa IPT Open, que chama empresas para ocuparem o histórico prédio do instituto por dez anos em troca de contrapartidas financeiras e não financeiras. O gigante das buscas terá prioridade caso queira renovar o contrato ao fim desse prazo.
A big tech estará sediada no prédio onde ficava a administração do IPT. Por isso, teve de construir quatro novos prédios para abrigar os funcionários do Instituto, seu acervo e uma biblioteca. A conclusão do projeto, segundo o Google, está encaminhada. “Estamos atendendo a pequenos pedidos de ajustes do IPT”, diz o diretor de negócios imobiliários da empresa no Brasil, João Vieira.
As obras tiveram início em meados do ano passado. “A iniciativa privada tem uma velocidade que não temos na administração pública”, afirmou Anderson Correia, o atual diretor-presidente do IPT, que antes dirigiu o IPT Open.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, teve de mover seu escritório, que ficava no prédio do instituto, para o edifício da secretaria, ao lado do IPT. A presença de Vahan no futuro prédio do Google era provisória, de acordo com a pasta.
Agopyan, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o presidente do Google no Brasil, Fábio Coelho, assinaram em 21 de fevereiro o documento que selou o acordo de cessão do espaço. As primeiras visitas da empresa ao local, contudo, começaram em 2021, quando o IPT publicou chamamento para empresas ocuparem o local.
Com 7.000 m2 de área e capacidade para 400 pessoas, o espaço terá sua fachada original preservada. O interior, contudo, será modernizado para receber a “cara do Google”, segundo a big tech. O auditório terá um desenho menos tradicional, para permitir outros usos além de apresentações, e o atual laboratório de mecânica se tornará uma cafeteria.
“Será um espaço para as pessoas do IPT Open discutirem projetos de inovação”, diz Correia em referência ao refeitório.
Para ocupar o espaço, o Google, segundo documento do IPT, teria de pagar R$ 72,38 por metro quadrado, além de mais R$ 13,78 por metro quadrado pelo serviço de zeladoria do instituto. As contas de luz, água e gás também ficam por conta da big tech. Como trata-se de uma área pública, não há pagamento de IPTU.
A empresa, como indica o edital, terá um desconto pelas benfeitorias que fez no local. Questionado pela reportagem, o Google não informa quanto investiu nem o valor fechado com o IPT. O diretor-presidente do órgão afirma que o acordo seguiu as diretrizes publicadas em edital.
“Os investimentos do Google ficam incorporados no patrimônio do IPT de forma permanente, o Estado ganha com o acordo”, afirma Correia.
Uma das condições para ocupar o espaço do IPT é manter o prédio aberto ao público da cidade universitária. Esse acesso, contudo, será parcial. “O Google, como já faz nas outras sedes, terá ambientes de trabalho fechados também”, afirma Vieira, o diretor de negócios imobiliários da empresa.
A big tech diz que permitirá que as demais empresas instaladas no IPT acessem espaços para testes e desenvolvimento de produtos que estarão disponíveis no local, como o primeiro Centro de Descoberta em Acessibilidade (ADC na sigla em inglês) da empresa na América Latina. O antigo prédio do IPT também vai abrigar um centro de engenharia em cibersegurança.
Os funcionários do Google também terão acesso liberado aos espaços da USP, que são restritos à comunidade do entorno. Só é possível acessar a USP mediante identificação por cartão ou para prestar serviços.
Questionada, a USP não comentou. Apenas afirmou que os funcionários do Google terão o mesmo acesso do que funcionários do IPT.
Por benefícios do mesmo programa, o IPT cede espaço à faculdade de tecnologia dos sócios do BTG, Inteli, e também a escritórios da V2Com (braço de tecnologia da WEG), Lenovo, Vale, Nokia, Integral Médica, AstraZeneca, Gerdau, Ambev, GranBio, Cecil e Sempre.
GOOGLE PLANEJA NOVAS CONTRATAÇÕES
O presidente do Google no Brasil, Fábio Coelho, disse que a empresa pretende contratar centenas de funcionários em um primeiro momento. “Depois, podemos reavaliar e contratar mais gente.”
Além do foco em cibersegurança, área em que o escritório do Brasil se destaca, como no caso da tecnologia antirroubo para celulares Android, gestada no país, Coelho também diz que a empresa terá profissionais especialistas em inteligência artificial.
O Google tem no país funcionários atuando também nos sistemas centrais da big tech e no negócio de buscas, regionalizando os resultados. A empresa chegou ao país após comprar a mineira Akwan Information Technologies.
“Vamos atuar como um escritório duplo, com atividades bastante integradas”, diz Alexandre Freire, que vai dirigir o Centro de Engenharia de São Paulo. De acordo com Freire, o Google vai contratar engenheiros de segurança, gerentes de produto, programadores, arquitetos de soluções e analistas de dados.