Por trás do recorde na Bolsa, os planos de Kamala e o que importa no mercado

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Bolsa bate recorde graças a empresas brasileiras e à economia dos EUA, Kamala Harris defende apoio aos mais pobres e outros destaques do mercado nesta terça-feira (20).

**BOLSA BATE RECORDE GRAÇAS A EMPRESAS BRASILEIRAS…**

O novo recorde alcançado pela Bolsa brasileira nesta segunda (19) foi especial para os investidores de seis empresas: Magalu, CVC, Petz, Locaweb, Marfrig e Cogna.

O que elas têm em comum? Ações que subiram acima dos dois dígitos —com destaque para Petz, que disparou 24%.

ENTENDA

O índice Ibovespa, que reúne as 83 empresas de capital aberto mais importantes, fechou o dia em 135.777 pontos, alta de 1,36%, o maior patamar da história do mercado acionário brasileiro.

Apesar de ser um recorde, o nível ainda é próximo do atingido no fim de 2023, antes das quedas do primeiro semestre em meio ao mau humor com a economia americana e com as contas públicas no Brasil.

Assim, o movimento das últimas semanas pode ser visto como uma recuperação.

POR QUE IMPORTA

As ações costumam subir quando as expectativas são boas para o futuro da economia e para as vendas das empresas. O preço de cada papel tenta estimar esse sucesso nos negócios.

As altas acima de 10%, em geral, têm um motivo por trás. Veja só:

PETZ

A disparada reflete a expectativa positiva para a união da companhia com a antiga concorrente Cobasi, anunciada na sexta-feira (16). Juntas, as duas formarão a maior varejista pet no Brasil.

↳ Resultado: 23,84%.

MARFRIG

O frigorífico aprovou a emissão de debêntures no valor de R$ 500 milhões. Os recursos serão usados para cobrir custos internos, aliviando as finanças.

↳ Resultado: 13,19%.

LOCAWEB

Sem um “gatilho” específico, a empresa de hospedagem de sites se beneficiou do bom humor dos investidores. Analistas apontam-na como uma opção de investimento, e bons números divulgados na semana passada reforçam essa visão.

↳ Resultado: 12,74%.

CVC

As ações da companhia de turismo têm forte relação com o dólar, que influencia os preços dos pacotes de viagem. Nos últimos meses, a alta afetou negativamente a operadora, mas agora o movimento se inverteu: o dólar caiu 1,03%, cotado a R$ 5,41.

↳ Resultado: 12,04%.

MAGALU

A valorização ocorreu após a gestora de investimentos Esquadra retirar as ações da varejista de suas apostas de queda.

↳ Resultado: 10,65%.

COGNA EDUCAÇÃO

A companhia recebeu autorização do Ministério da Educação para iniciar um curso de Medicina em uma de suas faculdades, no Maranhão.

↳ Resultado: 10,53%.

QUEM DÁ O TOM

Embora as ações citadas tenham sido as de melhor desempenho, as empresas que impactaram a pontuação da Bolsa foram a mineradora Vale e o banco Bradesco, ambas com grande peso no índice.

O Bradesco mostrou recuperação após anos de inadimplência alta e queda na lucratividade. Ontem, o banco americano Goldman Sachs recomendou a compra.

O CEO, Marcelo Noronha, afirmou à Folha que a estratégia é manter uma recuperação consistente: “Não vamos pular etapas”.

A Vale se valorizou conforme o preço do minério de ferro subiu na China.

**…E À ECONOMIA DOS EUA**

Nem só as características e as notícias sobre as empresas entram na conta dos investidores durante um movimento de alta das ações.

O cenário econômico também determina bastante o humor nas Bolsas, principalmente o dos Estados Unidos, a maior economia do mundo.

ALÍVIO

Nas últimas semanas, indicadores mostraram que o país ainda mantêm força econômica apesar dos juros em patamar recorde. Assim, o risco de uma freada brusca não é tão alto quanto se pensava.

Isso poderá permitir ao Federal Reserve (Fed) agir sem pressa, mas ainda assim reduzindo as taxas nas próximas reuniões deste ano.

ENTENDA

Com juros menores nos Estados Unidos, investidores transferem o dinheiro para as Bolsas de Valores de todo o mundo. A dúvida é se um movimento contrário no Brasil, de alta, cogitado pelo Banco Central, pode frear o otimismo deste novo ciclo de cortes.

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O desemprego em níveis baixos, os dados de serviços em alta e o compromisso com as contas públicas reforçado pelo governo Lula depois de um bloqueio de despesas bilionário são outros motivos que explicam o patamar recorde do Ibovespa.

**A AGENDA DE KAMALA**

vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, será oficialmente confirmada como candidata do seu partido à Casa Branca nesta terça-feira (20).

Ela enfrentará o ex-presidente republicano Donald Trump nas eleições de 5 de novembro.

A convenção do Partido Democrata começou nesta segunda-feira, com discursos do presidente Joe Biden e da veterana do partido Hillary Clinton.

PEDRA NO SAPATO

Apesar de dar um novo fôlego à campanha do partido, depois da desistência de Biden, Kamala tem a defesa da economia como um tema vel.

Os Estados Unidos estão crescendo, mas o custo de vida aumentou nos últimos anos.

Os preços subiram em média 20% desde a posse em 2020, fenômeno visto em todo o mundo no pós-pandemia.

Os juros altos até começaram a esfriar a inflação, mas são um remédio amargo e impopular porque encarecem os financiamentos, como as tradicionais hipotecas.

O plano Kamala. A candidata apresentou na última semana um plano de governo com medidas para aliviar o custo de vida dos mais pobres, como baixar os preços de comida e remédios. Ela também quer melhorar as condições de compra de imóveis.

ALGUMAS PROPOSTAS

– A principal ideia é propor ao Congresso uma legislação para banir aumentos de preços abusivos.

– Construção de 3 milhões de casas acessíveis para a classe média.

– US$ 25 mil para famílias comprarem o primeiro imóvel.

– Descontos em impostos para famílias pobres no primeiro ano de vida de recém-nascidos.

CRÍTICAS

Parte dos analistas vê o controle de preço como algo negativo. A proposta foi chamada de populista. Há receios que a ampliação de gastos sociais eleve o déficit das contas do país, pressionando a inflação.

SIM, MAS…

As propostas de Trump também recebem fortes críticas. Ele defende principalmente a aplicação de tarifas contra produtos importados, o que tende a aumentar os preços internos. Também é contra a independência do Banco Central americano.

REVIRAVOLTA

Faz menos de um mês que Kamala Harris está em campanha. Até 21 de julho, o presidente Joe Biden insistia na tentativa de reeleição, mas perdeu apoio depois de um desempenho fraco no primeiro debate contra Trump e de indícios de que sua saúde está frágil. Ele desistiu da reeleição.

Agora, a vice-presidente, de 59 anos, filha de uma mãe indiana e um pai jamaicano, ultrapassou Trump nas pesquisas de intenção de voto.

A última pesquisa IPSOS mostra Kamala com 49% dos votos no país, e Trump com 45%. É a primeira vez que ela ultrapassa o adversário acima da margem de erro, de 2,5 ponto, elevando as chances de que ela alcance os delegados dos estados-chave.

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