SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – José Luiz Datena (PSDB), 67, é jornalista e apresentador de TV, mas flerta com a carreira política desde 2016. Ele disputa a Prefeitura de São Paulo depois de ter desistido de concorrer em eleições em outras quatro ocasiões.
Neste ano, pela primeira vez, ele teve sua candidatura registrada na Justiça Eleitoral, passou pela convenção partidária, participou de debates e teve agendas de pré-campanha -apenas uma pública, no Mercado Municipal. O PSDB é o 11º partido ao qual se filou desde 2015.
Datena declarou à Justiça Eleitoral R$ 38,3 milhões em patrimônio.
Nascido em Ribeirão Preto, ele iniciou sua carreira como repórter esportivo de rádio e TV. Também atuou como locutor.
Desde 1998, apresentou programas de TV, tendo passado por Record, Rede TV! e Band, período em que consolidou o formato do programa policial. Em 2003, assumiu o Brasil Urgente, da Band, com alguns períodos de afastamento.
Como jornalista, Datena ganhou o Prêmio Vladimir Herzog em 1987, com uma reportagem sobre trabalho infantil. Em 1983, havia ganhado menção honrosa na mesma premiação por uma reportagem sobre a fome em um lixão de Ribeirão Preto.
Em 1989, Datena acabou demitido da Rede Globo por ter subido no palanque de Lula (PT), que era candidato na eleição presidencial daquele ano.
Datena não esconde que sua preferência é pelo Senado -seu plano era iniciar a carreira política como senador. Entretanto, vem afirmando que, desta vez, será candidato à prefeitura até o fim, embora liste ressalvas e condições para isso.
Quem lidera a estratégia de sua campanha é o marqueteiro Felipe Soutello, que comandou a campanha vitoriosa de Bruno Covas (PSDB) em 2020.
Datena costuma mencionar e elogiar Covas -o apresentador era um dos nomes cotados para ser vice do tucano na eleição de 2020. O jornalista afirma que recebeu um convite de Covas para o posto e chegou a aceitá-lo por um mês, antes de desistir mais uma vez.
O apresentador enfrenta resistência à sua candidatura entre militantes e líderes do PSDB, que preferem fazer campanha para Nunes por enxergar no prefeito, que era vice de Covas, a continuidade do legado tucano. O principal alvo do apresentador na corrida tem sido o prefeito.
Por outro lado, Datena tem o apoio de caciques tucanos como Marconi Perillo, presidente da sigla, e Aécio Neves. Seu vice é o ex-senador José Aníbal (PSDB).
Datena é casado e tem cinco filhos. Um deles, Joel Datena, está apresentando o Brasil Urgente durante a licença do pai.
A trajetória de Datena na política é marcada por recuos na hora H, idas e vindas e trânsito nas mais diferentes correntes ideológicas. Em dezembro passado, ele se filiou ao PSB para ser vice de Tabata Amaral (PSB).
Em 2015, depois de se desfiliar do PT, partido em que estava desde 1992, Datena migrou para o PP de Paulo Maluf e cogitou disputar a Prefeitura de São Paulo no ano seguinte. Em 2018, depois de passar pelo PRP (hoje PRD, resultado da fusão de PTB e Patriota), ameaçou se lançar ao Senado pelo DEM (hoje União Brasil), mas também desistiu na última hora.
Dois anos depois, em 2020, se filiou ao MDB e cogitou novamente disputar a prefeitura da capital paulista ou ser vice de Covas. Também não deu certo.
Depois disso, foi para o PSL (hoje União Brasil) em 2021, ocasião em que foi cotado para disputar a Presidência da República no ano seguinte. Em 2022, chegou a anunciar que se iria para o PSD, de Gilberto Kassab, mas a migração não ocorreu.
Do União Brasil, ele mudou para o PSC naquele ano. Na ocasião, ele almejava disputar o Senado na chapa de Tarcísio, em acordo fechado com o então presidente Bolsonaro.
Mas também teve seu nome cotado para a vice na chapa presidencial de Ciro Gomes (PDT), além de ter flertado com a pré-candidatura presidencial de João Doria (PSDB), que também acabou desistindo. Assim como nas demais vezes, Datena anunciou o recuo na última hora.
Já em 2023, o apresentador mudou novamente de partido e se filiou ao PDT, que na época deu como certa a candidatura dele à prefeitura. Ainda no ano passado, ele chegou a sugerir a formação de uma chapa com Boulos. Sua filiação ao PSDB, em abril de 2024, foi sacramentada no final de julho com convenção marcada por tumulto com correligionários contrários a sua candidatura.