SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A deputada federal e candidata à Prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB) apresentou promessas de difícil execução, como acabar com 72 cracolândias na cidade, congelar a tarifa de ônibus por quatro anos e limitar a no máximo um mês a espera para exames de saúde.
As metas foram apresentadas durante ciclo de sabatinas promovido por Folha de S.Paulo e UOL para tratar dos temas da cidade.
A mediação das entrevistas é de Fabíola Cidral, ao lado dos jornalistas Raquel Landim, do UOL, e Fábio Haddad, editor de Cotidiano da Folha de S.Paulo.
A candidata também afirmou nesta quinta-feira (5) que terá apoio do presidente Lula (PT) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para governar caso seja eleita.
A afirmação foi feita após pergunta sobre como cumprirá, se for eleita, promessas na segurança, que não são atribuição principal da prefeitura.
“Eu venho ressaltando muito que sou uma candidata independente, não sou nem do Lula nem do Bolsonaro. Eu também venho ressaltando que terei apoio do governo federal e do estado para governar. Inclusive, tanto o presidente Lula quanto o governador Tarcísio já foram questionados sobre isso e foram firmes em dizer: a Tabata vai contar com nosso apoio”, disse.
Entre suas propostas para a área, Tabata prometeu também acabar com todas as cracolândias da capital paulista.
“Meu compromisso é em quatro anos a gente colocar um fim em 72 cracolândias que temos na cidade. Me parece que uma dificuldade é a polarização, de enfrentar o bandido e o doente”, disse.
Tabata também garantiu que congelar a tarifa de ônibus em R$ 4,40 por quatro anos. Questionada sobre como cumpriria tal promessa, foi vaga ao não detalhar valores para cumprir essa meta bilionária.
“A gente vai fazer essa conta fechar, combatendo a corrupção, redesenhando as linhas, recompondo o uso correto do Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano), explorando publicidade nos pontos, nas paradas, nos terminais de ônibus”, disse.
Outro promessa de Tabata foi acabar com longos tempos de espera para fazer um exame na rede pública. “Ninguém vai ficar mais de um mês para marcar um exame. Se falhar, vamos marcar no privado”, disse.
Ela afirmou, porém, ter dificuldade de conseguir dados na área da saúde com a prefeitura.
A candidata do PSB também fez outras propostas ambiciosas, como fazer 385 praças, dez parques de tamanho médio e cinco parques de tamanho grande.
Nesse caso, ela detalhou os valores exatos necessários para a implementação, mas dependeria de verba ainda incerta. Afirmou que o custo seria de R$ 1,65 bilhões e que o dinheiro poderia vir de financiamentos de países europeus interessados em combater as mudanças climáticas.
Tabata critica propostas de Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB), que prometem dobrar e triplicar, respectivamente, o efetivo da GCM. “São propostas mentirosas e irresponsáveis. Quero saber se vão fazer isso aumentando imposto ou que conta estão fazendo.”
Ela diz que fez as contas e que aumentar o efetivo em 1.000 guardas, como promete, custará R$ 1,5 bilhões para os cofres públicos. “Como vão duplicar ou triplicar?”
Segundo ela, os agentes poderiam ajudar na atuação para coibir queixas por ruído.
“O maior número de chamados que a PM responde hoje é por ruído. Isso é atribuição da prefeitura”, diz ela, que alega que a gestão de Ricardo Nunes (MDB) infla os números ao afirmar que tem mais de 270 fiscais da lei do Psiu.
Ela afirma haver denúncias que, na verdade, atualmente apenas dez fiscais fiscalizam as denúncias do Psiu. “Não é à toa que as pessoas levam as denúncias para a PM, porque têm confiança maior. Temos compromisso de trazer maior efetivo de servidores.”
Tabata defendeu ainda a educação sexual nas escolas, mas ressaltou que o assunto deve ser feito com responsabilidade e de acordo com a idade.
Questões como métodos contraceptivos, por exemplo, deveriam segundo ela ser abordados no ensino médio. Às crianças menores caberia dizer “que ninguém pode tocar nas partes íntimas, que, se alguém tocar, você precisa avisar um adulto que confia”.
Em relação ao transporte, afirmou que não reduziria as velocidades das vias ou faria pedágio urbano, dois temas polêmicos que já foram usados para fustigar candidatos a prefeito.
A candidata, que ganhou protagonismo nos embates com Marçal, também voltou a citar o histórico de condenações dele e afirmou que não tem medo de criminoso.
Disse ainda que não se incomoda com críticas que vem recebendo após a derrubada das redes sociais do influenciador.
A determinação da Justiça Eleitoral foi concedida em ação movida pelo PSB. Desde então, a deputada vem sido chamada de “Tabata de Moraes”, uma referência ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, por apoiadores de Marçal nas redes sociais.
“Não tenho nenhum problema com as merdas que o Pablo Marçal fala todos os dias, inclusive com todas as sujeiras e mentiras que ele fala sobre mim, sobre a morte do meu pai e minha família”, disse a candidata.
Tabata Amaral é formada em ciência política na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Iniciou carreira política em 2018, no PDT, quando foi eleita deputada federal com 264 mil votos. Migrou para o PSB e, em 2022, foi reeleita com 337 mil votos. Disputa o cargo de prefeita pela primeira vez.
Além dela, outros postulantes foram convidados. Marçal foi entrevistado na quarta-feira (4), e, na sexta-feira (6), Ricardo Nunes (MDB) será o sabatinado. Na semana seguinte, de 9 a 13, será a vez de Boulos, Altino Prazeres (PSTU), Ricardo Senese (UP), João Pimenta (PCO) e Marina Helena (Novo). A entrevista com Bebeto Haddad (DC) deve ocorrer em 16 de setembro.
A Folha de S.Paulo e UOL têm feito uma série de sabatinas com candidatos de todo o país. O ciclo de entrevistas foi iniciado em 10 de junho com os postulantes de Belo Horizonte e está sendo feito também em outras 17 cidades.
Além disso, Folha de S.Paulo e UOL promoverão um debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.