Com o aumento da taxa Selic de 10,75% para 11,25% ao ano, anunciado na quarta-feira (6) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, as pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras enfrentam mais um obstáculo em suas operações. A decisão representa um segundo aumento consecutivo e coloca o setor em alerta, já que a taxa de juros influencia diretamente os custos de crédito. Segundo Décio Lima, presidente do Sebrae, o impacto é ainda mais profundo para os pequenos empreendedores. “Mais uma vez o Banco Central prejudica os pequenos negócios, com uma das maiores taxas de juros do mundo”, disse. “A situação dificulta ainda mais a tomada de crédito por parte do segmento.”
Em resposta às dificuldades enfrentadas pelo setor de pequenas e médias empresas, o Sebrae e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançaram, em outubro, o programa Acredita. O programa, que tem um fundo garantidor, visa alavancar R$ 9,4 bilhões em crédito para PMEs. Além disso, o Sebrae disponibilizou no início do ano R$ 2 bilhões por meio do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe).
Para o microempreendedor, o aumento da Selic gera um efeito ainda mais devastador. Segundo dados do Sebrae coletados entre o primeiro trimestre de 2016 e o primeiro trimestre de 2024, com base em informações do Banco Central, a taxa média de juros para um microempreendedor individual (MEI) no Brasil é de 44% ao ano, chegando a impressionantes 51% ao ano na região Nordeste. Esse cenário se repete de forma crítica para microempresas, que enfrentam uma média de 42,49% ao ano, e para empresas de pequeno porte, com taxa média de 31,54%.
Em nota, o Copom deixou claro que o comportamento da taxa de juro dependerá do comportamento da inflação. “O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, afirmou o BC em nota. “E dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária.” O Copom se reunirá mais uma vez no ano, nos dias 10 e 11 de dezembro.
Além da elevação na Selic, o Copom também ressaltou as incertezas no cenário econômico, eleição dos Estados Unidos e a valorização do dólar. A cotação do dólar afeta diretamente o mercado brasileiro, especialmente as PMEs que dependem de insumos importados, elevando os custos de produção e impactando o preço final ao consumidor. Em comparação com o início do ano, o dólar subiu 16,93% e isso é um dos fatores que pressionam a inflação. Além, evidentemente, da política fiscal fragilizada.